A partir de 2027, empresas brasileiras passarão a operar em um dos períodos mais desafiadores da história tributária do país: a coexistência de dois sistemas — o atual, baseado em PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI, e o novo modelo da Reforma Tributária, estruturado em CBS e IBS. Essa convivência simultânea, longe de significar simplificação imediata, cria um ambiente híbrido, contraditório e altamente complexo, especialmente para precificação, compliance e governança fiscal.
Durante o regime de transição (2027 a 2033), as empresas enfrentarão uma lógica dual: de um lado, tributos modernos calculados “por fora”; de outro, o ICMS preservando a estrutura “por dentro”, que distorce a base e amplia os efeitos em cascata. A maior dificuldade, entretanto, reside na interação entre bases de cálculo distintas, já que o IBS e a CBS — mesmo sendo “por fora” — passarão a integrar a base do ICMS, produzindo efeitos não lineares sobre preços, margens e competitividade.
Por Thiago Leite — Especialista em Inteligência Tributária e Sócio da L4 Taxx.
Por que a coexistência de sistemas aumentará a complexidade
O parágrafo constitucional que inaugura a transição determina que o sistema antigo não desaparece automaticamente. Ele convive com o novo modelo, criando um cenário de:
- Dois regimes competindo pela mesma operação comercial;
- Bases de cálculo diferentes se sobrepondo;
- Alíquotas integrando cálculos mutuamente;
- Obrigatoriedade de manter duas contabilidades paralelas por período prolongado.
Ou seja: a empresa venderá o mesmo produto em um cenário onde:
- há incidência de tributos por dentro (ICMS atual);
- há incidência de tributos por fora (IBS/CBS);
- e um sistema alimenta a base do outro — o que cria distorções inéditas.
Como a base de cálculo será afetada na prática
Uma das maiores distorções anunciadas para 2027 é que o ICMS manterá sua base inflada, enquanto o IBS e a CBS:
- São aplicados por fora,
- mas passam a compor a base do ICMS,
- o que gera um cálculo recursivo não linear.
Isso significa que a mera soma das alíquotas é insuficiente para medir o impacto tributário real. O novo regime cria um ambiente matematicamente mais complexo, com múltiplas camadas de incidência cruzada.
Tabela comparativa — Sistema atual x Sistema novo x Sistema híbrido 2027–2033
| Aspecto | Sistema atual (até 2026) | Sistema novo (CBS/IBS) | Sistema híbrido (2027–2033) |
|---|---|---|---|
| Tipo de cálculo | Por dentro (ICMS) | Por fora | Misto, interdependente |
| Base de cálculo | Tributo embutido no preço | Transparente, destacado | IBS/CBS por fora entrando no ICMS por dentro |
| Impacto na precificação | Linear | Linear | Não linear e recursivo |
Análise técnica — Thiago Leite
“A coexistência dos sistemas antigo e novo cria a maior assimetria tributária desde a criação do ICMS. A transição, vendida como etapa intermediária para simplificação, será na prática um período de alta complexidade, exigindo readequação de ERP, revisão de modelos de precificação e redefinição de processos fiscais.”
— Thiago Leite, L4 Taxx
Estudos de caso L4 Taxx — como a transição impacta empresas na prática
Estudo de caso 1 — Indústria nacional com múltiplos estados
Empresa com operações interestaduais enfrentará, já em 2027:
- Desafio: Preços com forte variação conforme origem/destino;
- Diagnóstico L4 Taxx: Identificação de efeitos cruzados de ICMS + IBS sobre a mesma base;
- Plano de ação: Implementação de motor fiscal duplo e matriz de precificação híbrida;
- Resultado: Redução de distorções e manutenção de margens regionais.
Estudo de caso 2 — Varejo de alto volume e margens apertadas
Rede varejista será impactada diretamente por micro variações de base:
- Desafio: Impacto acumulado em operações de baixo ticket;
- Diagnóstico L4 Taxx: Simulação do efeito não linear na composição do preço;
- Plano de ação: Automatização do cálculo para prever impacto por categoria;
- Resultado: Estratégia de repasse gradual com controle de margens.
Estudo de caso 3 — Empresa de serviços com faturamento nacional
Operações com forte incidência de ISS + IBS:
- Desafio: Coexistência entre ISS atual e IBS federal/estadual;
- Diagnóstico L4 Taxx: Projeção de efeitos cruzados e zonas de risco;
- Plano de ação: Revisão contratual e simulação multi-alíquota;
- Resultado: Preços mais estáveis e proteção contra glosas futuras.
FAQ — principais dúvidas sobre a coexistência dos sistemas tributários
Os dois sistemas vão coexistir de fato?
Sim. Entre 2027 e 2033, empresas operarão simultaneamente com ICMS/ISS (atuais) e CBS/IBS (novos).
Isso aumentará a carga tributária?
Em muitos casos, sim — especialmente pela sobreposição das bases e cálculo não linear.
O PLP 16/2025 resolve essas distorções?
Ainda não. O projeto tenta corrigir, mas sem perspectiva de aprovação.
Será necessário atualizar o ERP?
Sim, com obrigatoriedade de motor fiscal duplo.
A formação de preços será afetada?
De forma profunda — especialmente em setores com margens sensíveis.
O ICMS continuará com cálculo por dentro?
Sim, até o final da transição.
Há risco de judicialização?
Elevado. Estados discordam sobre bases e interações entre tributos.
Como a L4 Taxx pode apoiar sua empresa
A L4 Taxx apoia empresas na transição com:
Diagnóstico tributário da transição
- Matriz de impacto híbrido ICMS + IBS/CBS;
- Simulações de preços e margens por setor;
- Identificação de riscos e oportunidades por UF.
Revisão de precificação e governança
- Modelagem de cálculo não linear;
- Reestruturação de ERP para dupla incidência;
- Parâmetros de compliance para 2027–2033.
Estratégia jurídica, fiscal e operacional
- Mitigação de riscos de sobreposição de bases;
- Preparação para a judicialização da transição;
- Revisão contratual e de políticas comerciais.
Diagnóstico estratégico da transição tributária 2027–2033
A L4 Taxx ajuda sua empresa a navegar pela coexistência de sistemas e proteger margens, compliance e competitividade em um dos períodos mais complexos da história tributária brasileira.
L4 TAXX - Simulador da Reforma Tributária (CBS + IBS)
Simule em três etapas como a Reforma Tributária pode impactar a sua empresa: configure o perfil tributário, informe o faturamento e visualize o comparativo Antes x Depois da carga com CBS e IBS.
DEFINA O CENÁRIO ATUAL DA SUA EMPRESA
Comece escolhendo o regime atual, o porte e o CNAE aproximado. Isso calibra a base de comparação entre o sistema vigente e a Reforma Tributária.
INFORME O FATURAMENTO E A EXPOSIÇÃO AO CONSUMO FINAL
Aqui você define o tamanho da base de cálculo e, opcionalmente, a parcela voltada ao consumidor final — importante para simular efeitos como cashback.
⚠️ Por favor, preencha o faturamento mensal antes de avançar.
VEJA O COMPARATIVO ANTES X DEPOIS DA REFORMA
Ao calcular, você verá a carga atual, a carga projetada com CBS + IBS, a variação em reais e um comparativo visual em barras.

