O crédito rural vive sua maior retração desde o Plano Real. Entenda impactos tributários, riscos ao fluxo de caixa e como o agro deve agir antes da vigência plena da reforma.
Por Thiago Leite — Especialista em Inteligência Tributária e Sócio da L4 Taxx.
Quando o caixa aperta, o risco não espera
A maior safra agrícola do Brasil não está sendo suficiente para conter um problema que se tornou estrutural: a seca do crédito. No agro, produção sem financiamento não existe. E o que está acontecendo hoje vai muito além de uma oscilação de mercado.
Segundo a Farsul, o Brasil enfrenta a maior crise de crédito rural desde o Plano Real. O recuo atinge tanto custeio quanto investimento: 23% de retração no custeio e 44% nos financiamentos — apenas no início da safra 25/26.
Este cenário traz um risco imediato:
Alta de custos, descapitalização e perda de competitividade internacional.
Enquanto isso, a reforma tributária do consumo avança e coloca mais pressão sobre o setor:
- IBS e CBS alterando créditos e preços de insumos;
- Tributação no destino exigindo tecnologia e compliance;
- Fiscalização integrada com maior rigor sobre toda a cadeia.
Planejar não é mais vantagem. É sobrevivência.
É exatamente neste ponto que entra a Inteligência Tributária aplicada ao agronegócio.
O crédito está acabando para quem ainda acha que ele nunca faltaria
O Agronegócio sempre foi visto como o motor econômico brasileiro. Mas agora, o crédito para girar esse motor começa a ratear.
Causas da crise de crédito rural
| Fator estruturante | Consequência |
|---|---|
| Elevado risco climático (seca/enchente) | Mais inadimplência |
| Endividamento crescente do produtor | Restrição de análise de crédito |
| Custos de produção indexados ao dólar | Margens comprimidas |
| Atrasos e cortes em políticas públicas de crédito | Dependência maior dos bancos |
| Cenário fiscal incerto com a Reforma Tributária | Exigência de compliance e garantias |
Sem crédito competitivo, o produtor toma decisões defensivas:
Troca insumos, reduz tecnologia e posterga investimentos — um ciclo de empobrecimento da produtividade.
Reforma Tributária no Agro: o impacto que ainda está subestimado
Enquanto o crédito diminui, a legislação tributária aumenta a complexidade e o risco.
Mudanças críticas para o empresário rural:
- Fim dos benefícios amplos do ICMS;
- Regras de creditamento do IBS e CBS totalmente diferentes;
- Split Payment dificultando capital de giro;
- Maior exigência de rastreabilidade fiscal;
- Custo do pós-produção tributário maior que o da lavoura.
Aqui está a pergunta mais importante:
A sua empresa está preparada para sobreviver ao novo custo tributário da operação rural?
Impacto Duplo: Endividamento x Tributação
| Situação Atual | Situação com a Reforma sem Planejamento |
|---|---|
| Crédito escasso, mas ainda acessível | Crédito mais difícil a quem não tiver conformidade |
| Custo tributário conhecido e previsível | Novo custo do IBS/CBS podendo aumentar o preço final |
| Gestão descentralizada de riscos | Fiscalização integrada entre entes federativos |
| Renegociação ainda viável | Passivos podem se tornar impagáveis |
Quem não se antecipar, pagará imposto sobre prejuízo.
Caso Prático (Base Real de Produtores do Sul)
Produtor de soja com faturamento anual de R$ 60 milhões.
| Indicador | Antes da Crise | 2025 / Reformas |
|---|---|---|
| Linha de custeio anual | R$ 24 mi | R$ 18,5 mi (-23%) |
| Investimento em tecnologia | R$ 7 mi | R$ 4 mi (-43%) |
| Carga tributária efetiva | 7,4% | 10,2% estimado |
| Margem líquida | 12% | 7% |
Resultado: aumento de custo operacional, piora do caixa e risco de abandonar tecnologia que mantém produtividade.
Sem planejamento, margem negativa se torna realidade em dois ciclos.
O que o Agro precisa fazer agora
- Diagnóstico tributário completo:
- Identificação de créditos, distorções e riscos acumulados.
- Gestão estratégica dos passivos:
- Reestruturação com Transação Tributária.
- Estudo de modelos societários para reduzir IBS/CBS.
- Due diligence tributária:
- Valorização de patrimônio e proteção patrimonial.
A empresa rural que agir antes da virada de chave tributária ganha vantagem competitiva.
FAQ – O que o produtor tem mais perguntado
Por que o crédito rural caiu tanto?
O risco aumentou e o Governo diminuiu recursos subsidiados.
A Reforma Tributária vai encarecer o agro?
Se não houver reorganização tributária, sim. IBS e CBS têm impacto direto no custo.
A fiscalização será maior?
Sim. Sistemas integrados entre União, Estados e Municípios.
Tenho benefícios fiscais. Vou perder?
Muitos serão extintos ou reduzidos com a uniformização do IBS.
É possível compensar créditos tributários no agro?
Sim, com critérios jurídicos e contábeis específicos por atividade.
Quem está no Simples sofre impacto?
Sim. Mas é possível estudar migração estratégica de regime.
Quando é o melhor momento para planejar?
Agora, enquanto há margem de ação e renegociação.
Conclusão
A combinação perigosa já está instalada:
- Crédito reduzido;
- Custo tributário aumentando;
- Fiscalização se tornando mais rigorosa.
Quem esperar a “chuva passar” pode acabar sem solo fértil para continuar produzindo.
A sobrevivência e a competitividade do agronegócio estarão na mão de quem agir primeiro.
Para quem não pode errar na gestão tributária do Agro
A L4 Taxx está pronta para ajudar sua empresa a:
- Reduzir riscos fiscais antes da fiscalização integrada;
- Recuperar tributos pagos a maior ou indevidamente;
- Reestruturar passivos com Transação Tributária;
- Garantir compliance para manter acesso ao crédito;
- Identificar créditos tributários que fortalecem o caixa;
- Criar modelo tributário otimizado para IBS/CBS.
Vamos fazer juntos o que o Agro sempre fez:
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