O Brasil adiou para 2027 a implementação do “split payment”, sistema que retém e repassa tributos automaticamente no momento da venda — uma mudança que deve alterar profundamente o fluxo de caixa e a governança financeira das empresas.
O modelo, que faz parte da reforma tributária, elimina a etapa de apuração tradicional: os impostos deixam de ser pagos depois do fechamento contábil e passam a ser transferidos instantaneamente ao Fisco. Embora o objetivo seja combater sonegação e antecipar a arrecadação, o impacto no capital de giro das empresas será significativo.
Por Thiago Leite — Especialista em Inteligência Tributária e Sócio da L4 Taxx.
O que é o Split Payment e por que ele muda tudo
No Split Payment, os tributos (IBS, CBS e outros) são descontados automaticamente da transação e enviados diretamente aos cofres estaduais, municipais e federais — antes mesmo que o valor entre no caixa da empresa.
Isso significa:
- Menos disponibilidade de caixa imediato;
- Menos flexibilidade financeira;
- Mudança na lógica de precificação e no capital de giro;
- Dependência total das instituições de pagamento para repasse correto dos tributos.
A consultoria Peer Consulting estima que o sistema geraria R$ 12 bilhões anuais adicionais ao governo apenas com as dez maiores varejistas listadas na bolsa.
Por que o governo adiou o split payment para 2027
Inicialmente previsto para 2026, o Split Payment foi adiado para 2027 devido a:
- Complexidade de coordenação entre municípios, estados e União;
- Dificuldades técnicas de integração com bancos, adquirentes e fintechs;
- Desafios de vincular IBS/CBS a múltiplas modalidades de pagamento (Pix, cartões, boletos, carnês);
- Incertezas sobre apuração de créditos tributários e rastreamento de cadeias.
Fases previstas pela Receita Federal
| Fase | Status | Aplicação |
|---|---|---|
| 1. Split Payment Opcional | 2027 | Transações entre empresas (B2B) |
| 2. Split Payment Obrigatório | A partir de validação técnica | B2B – após maturidade operacional |
| 3. Split Payment para o consumidor | Última etapa | B2C – vendas ao consumidor final |
Análise técnica – Thiago Leite
“Entre todas as mudanças da reforma tributária, o split payment é a mais disruptiva. Ele desloca o risco de pagamento do tributo para o início da operação. Em vez de a empresa recolher, o sistema recolhe por ela — e isso altera o ciclo financeiro.”
“O impacto para o capital de giro será imediato. Empresas com margens apertadas, alto giro de estoque ou dependência de prazos mais longos para recebimento precisarão redesenhar seu fluxo financeiro.”
— Thiago Leite, L4 Taxx
Três níveis de split payment previstos pela Receita
1. Split Payment simplificado
- Usa média setorial de alíquotas;
- Mais fácil de implementar;
- Possível distorção entre carga real e carga aplicada.
2. Split Payment inteligente
- Integra cobrança e crédito tributário;
- Válido para grandes cadeias B2B;
- Requer compliance robusto.
3. Split Payment superinteligente
- Análise em tempo real das obrigações fiscais;
- Aplicável a empresas de grande volume;
- Pode deduzir créditos automaticamente.
Exemplo prático: impacto no fluxo de caixa
Cenário atual (sem Split Payment)
- Venda: R$ 100
- Tributo devido (IBS/CBS): R$ 15
- Entrada no caixa: R$ 100
- Pagamento do imposto: até 30 dias depois
Após o Split Payment
- Venda: R$ 100
- Tributo retido: R$ 15
- Entrada no caixa: R$ 85
- Recolhimento: imediato
Resultado:
A empresa perde 15% do caixa disponível imediatamente — todos os dias.
FAQ – principais dúvidas sobre o split payment no Brasil
O Split Payment será obrigatório?
Sim — mas apenas após fase opcional e avaliação de maturidade técnica.
Ele vale para todas as empresas?
Começa no B2B e só depois é expandido ao B2C.
O Split Payment reduz inadimplência tributária?
Sim — praticamente elimina risco de não pagamento.
Impacta todas as formas de pagamento?
Sim, incluindo Pix, cartões, boletos e carnês.
E quanto aos créditos tributários?
Ainda há controvérsia. Modelos inteligentes deduzem créditos na origem.
Setores com alto giro sofrem mais?
Sim — varejo, indústria e logística são os mais afetados.
É possível se preparar antes de 2027?
Sim — e é recomendado. Fluxo de caixa e pricing precisam ser ajustados agora.
Como a L4 Taxx pode apoiar sua empresa
A L4 Taxx ajuda empresas a se prepararem técnica e financeiramente para o split payment, com enfoque em impacto real no caixa, governança e estratégia tributária.
Mapeamento de impacto financeiro e tributário
- Cálculo do impacto diário e mensal no capital de giro;
- Simulação de múltiplos cenários (setorial, transacional e tributário);
- Revisão de margens e precificação.
Reestruturação de fluxo de caixa e processos internos
- Modelagem de caixa para operação com retenção imediata;
- Orientação para renegociação com fornecedores e clientes;
- Ajustes operacionais e financeiros.
Governança tributária para o Split Payment
- Diagnóstico de compliance para IBS/CBS;
- Integração com sistemas de pagamento;
- Preparação para fiscalizações e rastreabilidade digital.
Diagnóstico estratégico tributário L4 Taxx
O split payment mudará radicalmente o caixa e a estratégia tributária das empresas. Antecipe riscos e evite perdas financeiras com suporte técnico especializado.

